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quinta, 22 de março de 2018 - 15:31h
Inauguração do ‘Memorial Sacaca’ marca início da campanha de valorização do Museu
Espaço que homenageia e conta a história de Raimundo Souza, o Sacaca, agrega peças, documentos, fotos e livros do acervo pessoal da família.
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Foto: Marcelo Loureiro/Secom
Inauguração ocorreu nesta quinta-feira, 22, no bairro do Trem, em Macapá, e contou com a presença de familiares de Sacaca

O Museu Sacaca completa 16 anos de história, em 2018, mas muitos amapaenses não o conhecem ou não tem o hábito de frequentá-lo. Para incentivar a população a apropriar-se deste símbolo da cultura amazônida, o Governo do Amapá deu início, nesta quinta-feira, 22, à campanha “Vem pro museu. Valorize, que é nosso”, como forma de estimular o aumento das visitações e promover a valorização do museu.

O início da campanha foi marcado pela inauguração do Memorial Sacaca, um espaço dedicado à história de Raimundo dos Santos Souza, que dá nome ao museu desde 1999. Por meio deste espaço, o público poderá, logo ao entrar no monumento, acessar objetos e documentos que demonstram a atuação de Sacaca na cultura, no futebol, no convívio familiar, com amigos e também de seu trabalho como “doutor da floresta”. Dentre os objetos, está um pilão onde Sacaca manuseava as ervas para fazer os remédios naturais.

As peças nunca haviam sido retiradas da casa da família de Sacaca, a qual se fez presente no lançamento da campanha, agregando muita emoção à solenidade. Para Armstrong Souza, 48 anos, filho mais novo de Sacaca, o momento foi de valorização da grande contribuição de seu pai à história do Amapá.

“Antes, chegávamos ao museu e tínhamos apenas a estátua de meu pai para contemplar. Agora, a história dele será de fato valorizada, disseminada e contemplada em um espaço pensado para homenageá-lo. Este momento foi muito esperado, causa muita emoção e felicidade para toda a família”, registrou Armstrong.

Valorização

A solenidade de lançamento da campanha aconteceu no auditório Waldemiro Gomes, e contou com a presença do governador Waldez Góes, equipe de governo, entre outras autoridades, imprensa e comunidade em geral.

O governador Waldez Góes, enfatizou a importância de a população se conscientizar, se apropriar e, também, repassar aos seus descendentes o conhecimento sobre a cultura do povo amapaense, da relação homem-natureza e de suas raízes amazônidas. Ele mencionou que o Memorial Sacaca e o Museu Sacaca são excelentes representações disso.

“Sacaca nos ensinou que dá pra extrair da floresta, a sobrevivência, a cura de enfermidades, o conhecimento para produzir. O Estado agora se associa à família do grande mestre Sacaca para cuidar desse acervo pessoal que, muito diz sobre ele, muito representa diante da nossa cultura e, que, todos precisam conhecer”, declarou Góes.

Investimentos

O museu é ligado ao Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Amapá (Iepa). Durante o evento, o diretor-presidente do Iepa, Jorge Souza, mencionou que no início deste ano, técnicos do museu realizaram uma pesquisa na capital do Estado, Macapá, para apurar o quantitativo de pessoas que conhecem e frequentam o museu.

Os dados apontaram que, a cada 10 pessoas, seis não conhecem o local. Diante disto, pontuou Jorge Souza, o Estado tomou a iniciativa de intensificar ações para tentar reverter o cenário. Entre elas, além da criação do Memorial Sacaca, está a revitalização de vários espaços do monumento, cuja execução foi em parceria com a iniciativa privada.

Cerca de 150 metros de passarelas foram construídas e reformadas; o auditório Waldemiro Gomes passou por ambientação e higienização, o que possibilitará mais agendamentos de programações e, consequentemente, captação de recursos para a continuidade das manutenções no museu; a Praça de Alimentação recebeu nova cobertura; o barco “O Regatão” foi revitalizado; o bloco pedagógico foi reativado; o orquidário foi revitalizado; e um novo espaço denominado Bosque do Açaí, foi criado.

Um ônibus que estava parado há três anos, também foi recuperado e será usado na parceria com escolas para o transporte de alunos para visitação ao museu. Já está prevista, ainda, a construção de novas casas dos índios e, o lançamento, previsto para a próxima semana, do site oficial do Museu Sacaca, que irá divulgar as atividades, agendas, eventos e informações básicas sobre o ponto turístico.

“Identificamos a necessidade dessa revitalização para tornar o museu ainda mais atrativo e usual aos amapaenses e turistas, pois não se trata somente de um espaço para contemplação, mas também de estudos, de obtenção de conhecimento sobre a nossa história. O museu está de portas abertas e precisa ser valorizado”, frisou o diretor Jorge Souza.

Waldez Góes acrescentou que o Museu Sacaca é um pedaço da floresta no centro da capital, e reforça a ideia de que é possível ter qualidade de vida morando em regiões ribeirinhas. "Vemos nas grandes cidades uma centralização urbana da sociedade, o que resulta em grandes conflitos sociais, como a violência. Nós temos trabalhado muito para levar políticas públicas aos municípios e comunidades mais distantes, precavendo o crescimento desses problemas e, ao mesmo tempo, lhes dando oportunidade de continuar vivendo na área rural, com qualidade de vida e em equilíbrio com a natureza”, ressaltou Góes.

O museu

O Museu Sacaca foi criado com o objetivo de disseminar e valorizar a cultura dos povos da Amazônia, através de espaços que demonstram e representam suas relações com o meio natural, o modo de vida dos ribeirinhos, índios, caboclos e quilombolas.

Sua estrutura física contempla 20 mil metros quadrados, e foi concebida para ser um espaço de histórias vivas, de forma a promover ações museológicas de pesquisa, preservação e comunicação, conservação do patrimônio global, desenvolvimento sustentável humano e do patrimônio cultural do Amapá.

O Museu Sacaca é aberto para visitações, gratuitamente, de terça-feira à domingo, entre 9h e 17h.

Sacaca

Raimundo dos Santos Souza, conhecido como Sacaca, nasceu em 1926 e começou a explorar a floresta ainda criança, acompanhado se seu pai, que atuava na extração de madeira. Sacaca é o nome de uma planta da Amazônia usada para combater diversos males e, também, significa pajé ou senhor da floresta.

Com o passar dos anos, Sacaca se tornou grande conhecedor das ervas, raízes e plantas medicinais da Amazônia, com as quais fazia “garrafadas” – medicamentos naturais –, que atraiam pessoas de dentro e fora do estado, além da imprensa. Ele também foi contador de histórias e possuía excelente memória.

Casou-se com a primeira miss Amapá, Madalena Souza, com quem teve 10 filhos biológicos e quatro adotivos; fez história no carnaval amapaense, sendo por 23 anos seguidos o Rei Momo. Fundou a União dos Negros do Amapá (UNA); foi torcedor fanático e massagista do Macapá Esporte Clube; atuou falando das propriedades medicinais das plantas na Rádio Difusora de Macapá (RDM), na década de 90 e publicou três livros que falam, de “A à Z” sobre as plantas que curam. Aos 73 anos, Sacaca faleceu.

Uma vasta programação alusiva à campanha “Vem pro museu. Valorize, que é nosso”, prossegue nesta sexta-feira, 23.

Programação

Sexta-feira, 23

9h às 18h -  Visitação de alunos de escolas públicas ao museu; apresentações de grupos de marabaixo, batuque, toada, capoeira, dança indígena; contação de histórias e poesias, pinturas e palestras; comercialização de produtos naturais; exposição dos núcleos do Iepa; entre outros.

18h30 – Shows de artistas locais.

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Créditos:

Marcelo Loureiro/Secom

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