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terça, 26 de julho de 2016 - 11:41h
Encenação teatral da batalha marca o ponto alto da Festa de São Tiago
As encenações iniciaram por volta de meio-dia, após a celebração da missa campal e do círio, pela manhã.
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A festividade em homenagem a São Tiago mistura rituais religiosos, cavalhada e teatro a céu aberto.

Por volta de 18h de segunda-feira, 25, mouros e cristãos cavalgavam juntos pelas ruas de Mazagão Velho. Ao fundo, as figuras de São Tiago e São Jorge de espadas cruzadas; era o fim da encenação teatral que marca o ponto alto da Festa de São Tiago, que este ano completa 239 anos.

Mais uma vez, moradores da vila, mesmo sem qualquer formação teatral, fizeram uma apresentação impecável para narrar os vários episódios da guerra histórica entre mouros e cristãos, que teve a participação decisiva de um guerreiro chamado Tiago. Nas arquibancadas e calçadas ao longo da rua Senador Flexa, principal ponto das apresentações, cerca de 10 mil pessoas assistiam ao espetáculo.

As encenações iniciaram por volta de meio-dia, após a celebração da missa campal e do círio, pela manhã. O primeiro episódio foi a passagem do “Bobo Velho”, espião mouro enviado ao acampamento cristão, que na história é descoberto e expulso a pedradas. Mas, na peça teatral de Mazagão Velho, só vale jogar bagaço de laranja.

Em contraespionagem, os cristãos enviam o Atalaia, um oficial cristão que tinha a missão de espionar o aquartelamento e roubar a bandeira inimiga. Mas ele teve um destino bem pior que o Bobo Velho: acabou morto e decapitado pelo exército mouro, mas ainda conseguiu arremessar o estandarte do inimigo para os cristãos antes de ser capturado. A cena da morte do Atalaia é uma das mais importantes no enredo.

Por fim, após a encenação de outros episódios, o acordo não cumprido dos cristãos de trocar o corpo de seu guerreiro abatido pela bandeira moura dá início a uma série de intensas lutas armadas. Foi quando São Tiago apareceu e junto com o companheiro São Jorge pediu a Deus para tornar o dia mais longo e ajudar o povo de Cristo a vencer sucessivas batalhas.

A última cena é a dos dois santos com as espadas cruzadas. E assim se encerrava mais uma edição de uma das mais tradicionais manifestações culturais do Amapá. Tradição de mais de dois séculos e três décadas, com mais um ano realizado com orgulho pelos moradores.

“Mais um ano, mais uma batalha vencida, o desafio de fazer a festa do nosso santo glorioso. É muito orgulho fazer parte dessa cultura”, afirma Raimundo Conceição, de 64 anos, responsável pela organização do Baile de Máscaras e pelos figurantes fantasiados.

Para o púbico, um espetáculo de beleza e brilho particular. Que o diga a professora Iuzina Nunes dos Santos, de 43 anos, que veio de Belém (PA) e assistiu às encenações na tarde deste 25 de julho.

“Sem dúvida, é uma festa linda, que deve ser conhecida não só pelos brasileiros, mas pelo mundo”, disse, ao testemunhar o encerramento da parte teatral das festividades.

E assim se mantém viva uma tradição que vem desde 1777. Tradição trazida da África com os primeiros habitantes de Mazagão Velho, que vieram para a Amazônia depois que uma colônia portuguesa no Marrocos foi desativada e transferida para o Amapá.

A festividade em homenagem a São Tiago mistura rituais religiosos, cavalhada e teatro a céu aberto. É realizada pela comunidade local, através da Associação Cultural da Festa de São Tiago (ACFST), com apoio do Governo do Estado e Prefeitura de Mazagão.

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