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segunda, 07 de outubro de 2019 - 19:01h
Força-tarefa leva água tratada a comunidades isoladas do Amapá
Além de técnicos da Seafro, integraram a comitiva, equipes da Defesa Civil Estadual e da Fundação Nacional de Saúde (Funasa).
Por: Gabriel Penha
Foto: Gabriel Penha/Seafro
Imagem aérea da comunidade quilombola de Tapereira, na região do Muriacá, município de Vitória do Jari

A Secretaria Extraordinária de Políticas para Afrodescendentes (Seafro) integrou uma força-tarefa que levou água tratada e fez o monitoramento de comunidades isoladas dos municípios de Laranjal e Vitória do Jari, localizados a cerca de 280 e 300 quilômetros de Macapá, respectivamente, no extremo sul do estado. Além de técnicos da pasta, integraram a comitiva, equipes da Defesa Civil Estadual e da Fundação Nacional de Saúde (Funasa).

O acesso a essas comunidades é por meio fluvial. Além de ceder a embarcação e o motor, o Corpo de Bombeiros Militar (CBM-AP) disponibilizou os experientes militares capitão Domingos, tenente Juraci e cabo Moreira para conduzir as equipes.

Os trabalhos na região duraram cerca de oito dias, entre 30 de setembro e 7 de outubro. Na primeira etapa, foram assistidas as comunidades de Padaria, São José e Santo Antônio da Cachoeira. Os técnicos da Funasa procederam com a manutenção dos kits do Projeto Salta-Z, que há dez anos leva um sistema simples de tratamento de água captada do rio, o qual conta com uma caixa d’água e filtros, além de produtos químicos para decantação e limpeza do líquido.

A instalação dos kits é feita em parceria entre a Funasa, Governo do Amapá, prefeituras e comunidades beneficiadas. Há dez anos, o Salta-Z atende a populações ribeirinhas, quilombolas e extrativistas, num programa de controle da qualidade da água para consumo humano, com o objetivo principal de diminuir a incidência de doenças relacionadas ao consumo do produto sem o devido tratamento.  

“É uma ação que envolve vários entes. Moradores da própria comunidade são capacitados para fazerem o tratamento dessa água. As torneiras dos kits são públicas, acessíveis a todos, podendo ser ramificadas para escolas e postos de saúde. É água potável a ser usada apenas para beber ou preparar alimentos”, explica a representante da Funasa Odinéia Monterrozo.

Diálogos e demandas

Com visitas a escolas, postos de saúde e diálogo com lideranças, a Seafro fez o monitoramento de demandas para as comunidades. Entre as principais, manutenção e construção de passarelas e fornecimento de energia elétrica 24 horas – algumas ainda não possuem nem gerador. O técnico Rui Guilherme Farias foi o representante da secretaria na viagem.

“Será elaborado um relatório desses dias nas comunidades, o qual será entregue ao secretário Aluizo de Carvalho, que deverá buscar o atendimento a essas demandas junto as secretarias responsáveis. Esse é o papel articulador da Seafro, buscar a solução dos anseios das comunidades”, assinala Farias.   

Morador da comunidade de Santo Antônio da Cachoeira, Alípio Rodrigues Pinheiro, 71 anos, diz que cada visita do poder público traz perspectivas de dias melhores.

“A nossa vila é uma região bela, mas, isolada. Cada benefício que recebemos, é um avanço, para nossa comunidade que é tão carente”, diz o agente de saúde aposentado.

Comunidade quilombola às margens do rio Cajari

Na segunda etapa, foi visitada a comunidade de Tapereira, pertencente ao município de Vitória do Jari, e localizado na Reserva Extrativista (Resex) do Cajari. Para chegar até lá, são pelo menos duas horas por uma estrada de chão até a vila de Aterro do Muriacá, e mais duas horas de embarcação (voadeira) pelo rio Cajari.

Em Tapereira, vivem cerca de 25 famílias, num lugar cuja origem provavelmente está ligada à história da colonização da vila de Mazagão Velho, no final do século 18, período em que uma epidemia de cólera fez com que parte da população se transferisse para outras regiões. Há pelo menos oito anos, a comunidade se auto-reconheceu como remanescente quilombola e já formalizou sua associação.

Por lá, funcionam uma escola e um posto de saúde do município, e a sobrevivência é garantida, principalmente, pela pesca, caça e agricultura de subsistência. Para receber o projeto de água tratada, os próprios moradores cortaram a madeira e construíram o castelo – estrutura para receber a caixa d’água e o filtro. Depois da capacitação, a água tratada jorrando da torneira trouxe mais alento para os moradores.

“Muitas vezes chegamos a achar que nossa vila é esquecida. Conquistas como essa nos fazem ter mais folego para resistir na nossa caminhada”, comemorou o líder comunitário Raimundo Nazaré da Conceição Flexa, 59 anos.

“A Seafro sempre tem buscado manter esse diálogo com a nossa comunidade. As portas da secretaria estão sempre abertas, e, não só isso, os técnicos vieram aqui junto com os demais públicos, conhecer a nossa realidade e o nosso cotidiano. Isso é respeito”, disse o presidente da Associação dos Moradores do Quilombo do Tapereira, Luís Marcos Rosa.

A região é uma das mais afetadas pelas enchentes causadas pelas fortes chuvas que caíram no primeiro semestre deste ano. Do atendimento à população naquela ocisão, resultou um relatório que serve de base para a busca de recursos para as pontes, e, nessa visita, os integrantes da Defesa Civil fizeram levantamento de dados.

Na terceira etapa, foi a vez das comunidades de Paga Dívida e Marajó, já na região do Baixo Cajari, que também devem receber o sistema de tratamento de água. Em todas as comunidades visitadas, os militares do Corpo de Bombeiros fizeram o mapeamento, inclusive, com imagens aéreas, para também avalizar a busca de recursos federais para a manutenção da estrutura das passarelas.

As equipes retornaram para Macapá nesta segunda-feira, 7.

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Créditos:

Gabriel Penha/Seafro

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